domingo, 6 de setembro de 2009

...

(...)
Ai, meu Deus, que saudade da Amélia
Aquilo sim é que era mulher

Às vezes passava fome ao meu lado
E achava bonito não ter o que comer
Quando me via contrariado
Dizia: “Meu filho, o que se há de fazer!”
Amélia não tinha a menor vaidade
Amélia é que era mulher de verdade

A partir da letra da composição musical proposta, o discurso feminista estigmatizou a personagem Amélia: considerou-a o exemplo de mulher a não ser seguido, a não ser copiado. Como as intenções dos autores não eram essas, faça, em aproximadamente 25 linhas, com um título bem sugestivo, uma narrativa em que se conte a história de uma mulher que seja uma reprodução da Amélia imaginada pelos autores.



Mulher com ‘m’ maiúsculo

Não dá nem pra começar com “Era uma vez”. Não é um conto de fadas, nem deixa outras mulheres com enorme vontade de passar pelo mesmo. A história de Ana poderia receber inúmeros adjetivos, mas o que melhor se encaixa é, sem dúvidas, impressionante.

Com apenas 17 anos de idade, a ainda menina Ana se uniu a Pedro, um rapaz de 25 anos na época, muito honesto e trabalhador. Desde que era um pingo de gente, era essa a vida que pedia aos céus: dedicar-se ao marido por toda sua permanência neste planeta, até que a morte os separasse. Esse desejo, somado ao machismo de seu agora marido fez com que eles se tornassem realmente um casal, no sentido mais amplo da palavra.

Por mais que as pessoas julgassem medonha toda essa subordinação, a garota nem dava ouvidos, estava mais preocupada com o bolo no forno, que não podia solar. Aliás, sua casa era extremamente organizada, tudo em seu devido lugar, com uma perfeição de deixar muita senhora boquiaberta. Era a orquestra que ela regia.

Cinqüenta e três anos mais tarde, Ana mudou seu estado civil para “viúva”. Sofreu de uma maneira nunca vista antes. Afinal, ela vivera a vida daquele homem, já nem se recordava de como era viver a sua. Porém, em nenhum segundo passou uma gota de arrependimento por seus pensamentos. Carregava dentro de si a mais absoluta certeza de que seu dever estava mais do que cumprido: em cada dia, pensou primeiro em Pedro do que nela. Porque sua própria satisfação era vê-lo satisfeito. E viu.

Ruana Arcas

~

Foi com esse texto que eu passei pra 2ª fase da tal Olimpíada de Redação do SPAE. Tava sem nada novo, então resolvi postar isso...

Beijo e bom domingão!

Um comentário: